segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quem sabe em Londres...

“Em busca do inédito ouro olímpico”. Essa frase deve estar fresquinha na cabeça da maioria dos brasileiros. Afinal, muitos apresentadores e comentaristas esportivos a falaram por diversas vezes. Não sei ao certo o que aconteceu com a delegação do Brasil nas Olimpíadas de Pequim, mas acredito que já tivemos dias melhores. Não costumo fazer comparações, porque nem gosto desse termo, mas o número de medalhas nos faz crer que comparar é inevitável.

A certeza no futebol; a confiança na ginástica artística; o peso que colocamos na natação; a esperança no atletismo; o desejo, mesmo que distante, no basquete... Agora, a pergunta que nos fazemos, de forma insistente, é: “Por que não conseguimos?”. Talvez por uma série de motivos que não me cabe aqui escrever. Mas, não falaram que houve preparação intensa para esses jogos Olímpicos? É dificil aceitar que, em quase todas as modalidades, estivemos tão perto da conquista algumas vezes e tão longe em outras.

O país do futebol viu a seleção olímpica de Dunga fracassar diante da maior rival, frente ao consagrado Maradona, que ainda disse "Faz tempo que não vejo um Brasil tão pequeno e tão defensivo". Sou obrigada a concordar com o jogador: a Argentina foi gigante diante de um grupo que se comportou de forma tão inferior naquela semifinal. Com um desenrolar diferente, mas o mesmo final, a seleção feminina parou nas mãos de Solo, a goleira dos Estados Unidos. Um jogo muito equilibrado, que Marta e companhia mereciam vencer, depois de tanta força de vontade. O país do futebol viu argentinos e norte-americanas derrubarem brasileiros e brasileiras tão confiantes na conquista do ouro.

Expectadores ficaram acordados de madrugada para ver Diego Hypolito chegar à final como favorito. Talvez fosse melhor não ter colocado tanta certeza em relação ao atleta. Mas o que importa é que o choro dele não foi de alegria, mas de tristeza, por ver seu sonho ir embora após uma queda incompreensível. As lágrimas da pequena Jade Barbosa também não significaram felicidade. A menina não só viu sua equipe ficar longe do pódio, como, também, caiu duas vezes em seu individual, sem chances no salto. Para completar o fracasso na ginástica, o solo de Daiane dos Santos foi uma grande decepção. Aquela mulher, que já foi a primeira do mundo, travou frente às romenas, norte-americanas e chinesas. Madrugadas perdidas e nada das tão esperadas medalhas.

O ouro veio onde menos esperávamos. Um homem chamado César Cielo mostrou toda sua força ao mundo. Longe de ser um Michael Phelps, o grande nome dessas Olimpíadas, com 8 ouros conquistados, Cielo provou que a esperança não morre, e que o choro mais bonito é o que transmite emoção e felicidade, ao mesmo tempo. Os brasileiros se encantaram com a forma como o nadador comemorou a vitória. A segunda medalha dourada veio pelas pernas de Maurren Maggi, que saltou apenas 1 centímetro a mais que a segunda colocada. Os incríveis 7 metros e 4 centímetros de Maurren provaram que a idade não importa, quando o assunto é superação.

O último ouro veio por mãos femininas. A seleção de vôlei derrotou as norte-americanas e obteve uma medalha inédita nessa modalidade. Ao contrário, os homens não conseguiram sucesso contra os adversários do mesmo país. Ouro para as mulheres e prata para os rapazes, que eram considerados os favoritos. Mais uma vez, talvez, o peso, que colocamos sobre suas costas, atrapalhou a evolução. As 3 medalhas douradas conquistadas, ao final, não foram de total satisfação para o brasileiro. É como se faltasse mais – daqui a pouco volto a esse assunto. Falando em vôlei, a decepção no de praia foi cravada após a perda, tanto no feminino, quanto no masculino. Com duas duplas de cada sexo, o Brasil não conseguiu ouro, e teve que ver seus atletas nos lugares mais baixos do pódio – ou nem isso.

Depois desse longo resumo sobre as Olimpíadas de 2008, devo acrescentar que não estou depreciando os atletas ou seus segundos, terceiros e quartos lugares. Eu, apenas, acredito que a delegação brasileira é capaz de conseguir muito mais que isso. Somos uma potência no esporte sim, e podem dizer o que quiserem. Parabéns pelas pratas e pelos bronzes. Porém, queiram me desculpar, mas o Brasil é bem maior do que esse “quase”. Faltou no tênis de mesa, faltou nas lutas, faltou nos aquáticos, faltou no hipismo, faltou na maratona e faltou em todos os outros esportes citados nos parágrafos anteriores. Como disse Giba: “O melhor não foi suficiente”. O Brasil ficou devendo aquela garra brasileira que sempre admiramos e mostramos ao mundo todo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A importância de ser artista

"No teatro descobri que existem duas realidades, mas a do palco é muito mais real." (Arthur Miller)

Essa frase faz uma boa introdução do que irei tratar aqui. Diferentemente dos meus textos anteriores, esse será bem mais sentimental, como um momento de saudade que pretendo compartilhar, sem deixar de expor minha opinião, lógico. Devo dizer, primeiramente, que qualquer tipo de arte é válido. Acredito que aqueles que não a praticam, vivem com menos emoção. Digo isso porque tenho certeza que a arte, em todas as suas formas, realça a sensibilidade que há em cada um de nós, e tolos são aqueles que não a conhecem.

Entretanto, estou aqui para falar exclusivamente do teatro – e quem me conhece sabe o quanto esse veículo tem importância para mim -, e me perdoem as outras artes, mas essa é a mais bela. Antes de qualquer coisa, é interessante falar um pouco sobre a história do teatro. Acredita-se que o mesmo surgiu na Grécia Antiga como, apenas, festas e manifestações de agradecimento, e não da forma que vemos hoje. Com o tempo, começaram a haver mudanças e maiores elaborações nas manifestações, e aos poucos foram se tornando apresentações dirigidas. No Brasil, o teatro surgiu no século dezesseis, mais pelas questões religiosas mesmo. A partir daí, houve bastante crescimento, até o momento da Ditadura. Sim, porque com o regime militar, como todos sabem, houve a censura e a repressão aos artistas. Após esse momento de retrocesso, o teatro veio a progredir cada vez mais, até se tornar o que é nos dias atuais. Hoje, podemos observar grande quantidade de cursos, centros culturais e grandes teatros – nesse caso, o teatro como espaço físico.

Após essa longa introdução, posso expor o que, realmente, desejo. Voltando à frase inicial, quando coloco maior veracidade na realidade teatral, é importante ressaltar que, quando se está no palco, descobre-se mais de você do que antes conhecia. É difícil entender quando nunca se pisou em um, mas prometo tentar explicar. Há quem diga que nele tudo se transforma, que é mágico e, acima de tudo, sagrado. Prefiro acreditar que é um lugar onde os sentimentos florescem. Eu gosto de dizer que o ator transborda emoções e é, justamente, no palco que ele as libera e faz com que o público sinta aquilo que deseja transmitir. Uma pessoa só passa a se conhecer, de verdade, depois que atua. Dentro de um personagem, descobrimos defeitos, manias e qualidades que antes não sabíamos que existiam. Além disso, por experiência própria, posso garantir que pode-se estar passando por um problema muito sério, mas o fato de estar em contato com o ambiente teatral modifica tudo, e faz uma espécie de armadura para a entrada de tensões.

Acredito que muitos podem achar exagero, ou palavras melosas demais para serem levadas na ponta da lingua. Mas o artista é desse jeito, certo? Ele é mais sentimental que qualquer outro ser humano comum, e para o ator é ainda mais sério. Sim, porque assim como nas peças, tudo na vida é exagerado. As emoções são maiores que o normal, as dores, a alegria, o amor... Essa última palavra então, nem se fala. O ator ama com uma intensidade inexplicável, e, dessa forma, sofre mais também. Por isso, digo que não é fácil ser um dos nossos, não por ser difícil construir um personagem, mas pela complicação que é descobrir-se e conhecer a si próprio.

Enquanto escrevo esse texto, parece que um filme passa na minha cabeça, e como uma boa atriz que sou, sinto um aperto no peito e certa vontade de chorar. Faz uma falta incrível aquele lugar, o palco, as peças, os bastidores e os camarins lotados de figurino. Até das horas de ensaios disgastantes sinto saudade... Mas, principalmente, o frio na barriga antes de uma peça, o medo de errar e os aplausos no final. Vivi muito tempo e boa parte dos meus dias no teatro, e hoje vejo o quanto me fez crescer. Aprendi a ser eu mesma e a enfrentar os problemas que a vida propõe. Sabe por quê? Porque no palco meus personagens sofreram muito e não deixaram de ser felizes no final. Já fui prostituta, mãe e filha... Já tive que trabalhar menor de idade e ser orfã... Já fui leoa do Rei Leão, anão da Branca de Neve e bule da Bela e a Fera. Já fui boa e já fui má. Chorei em cena, e ri quando não devia. Fiz o público se arrepiar e, também, dar gargalhadas. Depois de todas essas experiências, vejo que amadureci, e posso ser mais do que um mero personagem na vida real.

De fato, esse parágrafo acima foi inteiramente nostalgico e sentimental. Agora que coloquei meus pés na realidade, posso abrir minha opinião para vocês, caros leitores. E para não acharem que sou totalmente parcial, falarei sobre outras artes agora, também. Acho que o mais importante de tudo isso é cada um acreditar que é capaz. Sim, porque antes de mergulhar em qualquer arte, é preciso crer em si próprio. Não importa se é ator – sendo de teatro, cinema ou televisão –, pintor, músico, dançarino ou cantor... O que interessa, de verdade, é ser artista. É um dom dado a todos os seres humanos, basta, somente, encontrar onde se encaixa. Porque o mais bonito, dessa jornada pela qual passamos, é despertar sentimentos nos outros, seja de felicidade, tristeza ou mesmo aqueles que não conseguimos explicar.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O vai-e-vem do mercado futebolístico

Por mais clichê que possa parecer esse tema, nesse período anual, é interessante abordá-lo. Primeiro, é importante deixar uma pergunta, que sempre causa boas discussões: “O que é mais importante: dinheiro ou “amor à camisa””? Para alguns é muito fácil responder essa simples questão – ou melhor dizendo, para a maioria. Nessa época do ano, abre-se a janela de transferências. Os clubes europeus procuram por habilidosos jogadores, ainda no começo de suas carreiras, ou até mesmo os mais experientes, que possam compor suas equipes. É clara a preferência por times do Brasil – afinal, aqui não é o país do futebol?

Mas vamos ao que interessa, porque estou aqui, única e exclusivamente, para causar uma reflexão acerca desse assunto: o que os clubes brasileiros podem fazer para segurarem seus jogadores? É essencial frisar um ponto: dos times mais ricos do mundo, a maior parte é da Europa, o que torna difícil a concorrência para os clubes brasileiros. Não que esses não tenham dinheiro, mas quando oferecem 20 milhões de euros por um atleta, é improvável que a proposta seja recusada.

Quando se sentam dirigentes de um clube, empresários e o próprio jogador, muitos acertos são feitos. Além de negociações, há discussão sobre o que é mais vantajoso para ambas as partes... até que se chega a um acordo. De fato, um clube pode perder uma parte muito importante para a sua equipe, mas com o dinheiro ganho, também pode-se contratar outro atleta de alto nível. Isso porque as transações não ocorrem apenas no eixo Brasil-Europa, mas, também, o contrário. O mercado exterior possui um leque de opções para o clube que deseja reforçar seu time para o Campeonato Brasileiro, por exemplo.

No entanto, existe um porém. É, realmente, complicado que um jogador, que já se estabeleceu na Europa, queira retornar ao Brasil – a não ser que queira encerrar sua carreira, o que muitos fazem, inclusive. E é nesse ponto que a discussão toma seu auge. Os bons atletas são contratados por times europeus, que oferecem fortunas por eles. Em sua maioria, são aceitas as propostas feitas e os jogadores vão para o exterior. Ganhar mais do que se ganhava aqui, viver em um lugar com uma qualidade de vida melhor, atuar em alguns dos clubes de maior expressão e ser reconhecido mundialmente? Qualquer um que viva do futebol, ou queira viver, tem esse sonho.

Somos obrigados a concordar que esse tipo de chance é para se agarrar, pois não é sempre que aparece. Mas, e aquele amor que falávamos lá em cima? Aquele que faz um jogador ter raça e vontade. Aqui podemos até fazer uma comparação com os tempos passados do futebol. Jogadores como Zico, Castilho e Nilton Santos podem ser considerados atletas que amavam e honravam suas camisas. Esses atuaram, apenas, no Flamengo, no Fluminense e no Botafogo, respectivamente – além da seleção brasileira, é claro. Não porque eram ruins – pelo contrário -, mas porque optaram por jogar somente naquele clube do coração. Mas, e atualmente? Podemos dar um bom exemplo de “amor à camisa”? Dificilmente. De repente, o Rogério Ceni do São Paulo, que desde 1991 atua no tricolor paulista. Mas, mesmo assim, é óbvia a mudança ocorrida dos tempos do “galinho” para cá.

Mas, voltando ao que interessa: e as transações? Ao olhar as negociações, podemos ver bons jogadores como Thiago Neves, do Fluminense, Renato Augusto, do Flamengo, Ramires, do Cruzeiro, Diego Cavalieri, do Palmeiras, e Eduardo Costa, do Grêmio, escaparem como grãos de areia nas mãos. São atletas que seus respectivos clubes dificilmente conseguirão – se é que já não conseguiram – segurar. Entretanto, outros como Thiago Silva, do Fluminense, e Ibson, do Flamengo, afirmaram que irão ficar, mesmo com interesses externos – e não há dúvidas em relação à habilidade do zagueiro e do meia. É certo que as exemplificações dadas têm, em sua maioria, foco em Fluminense e Flamengo. Isso ocorre devido às boas campanhas nos campeonatos, tanto a Libertadores quanto o “Brasileirão”.

Para finalizar essa lista de exemplos, e, ao mesmo tempo, deixar algo mais para reflexão, é importante citar o técnico Caio Júnior do Flamengo. Alguns podem dizer que ele foi burro, outros falam que teve muita coragem, e ainda há quem diga que “rolou uma grana por trás dos panos”. Porém, ninguém pode saber ao certo o porquê da decisão tomada pelo treinador. Um clube do Qatar ofereceu bastante dinheiro para que Caio Júnior atuasse por lá. O próprio técnico afirmou que jamais lhe ofereceram tanto, nem enquanto era jogador. Entretanto, Caio não aceitou. Meu pai disse algo que é interessante colocar aqui: “Quando um técnico recebe uma proposta desse porte, deve-se aceitar. Diferentemente de um jogador, um treinador dificilmente consegue uma oportunidade como essa”. Mas não podemos, em momento algum, julgar a opção escolhida por ele. Aliás, julgamento é algo que só pode fazer quem já esteve na situação. Porque, realmente, é muito fácil falar, mas o fazer melhor é bem mais complicado.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Todo carnaval tem seu fim

Ao entrar no site dos “Los Hermanos”, senti uma pequena falta, e uma dúvida me veio à cabeça: “Será que estão felizes?”. Que a banda carioca, formada em 1997, separou-se no ano passado, muitos devem saber. Mas poucos sabem o que estão fazendo no momento e que rumo cada integrante tomou na vida, após a separação.

Marcelo Camelo – aquele mesmo... O vocalista, sabe? – disse que esse tempo serviria como férias para ele. Porém, anda compondo canções. Se entrar no “myspace” dele, é capaz de encontrar algumas delas. Não que o Camelo não componha boas músicas, mas não consigo imaginá-lo cantando sem a companhia dos outros membros da equipe “Los”. Camelo fará uma turnê do seu primeiro disco solo em setembro desse ano. Para os mais interessados, ele estará acompanhado de uma outra banda aí – e não, não estou nem um pouco curiosa sobre a mesma. Meu Deus, como posso ir a um show do Marcelo Camelo sem o Amarante cantando ao seu lado? Há quem diga que uma de suas novas canções – “Doce solidão” – mostra a saudade que ele sente da banda... Vale a pena conferir.

Rodrigo Barba está com duas bandas – para aqueles que não sabem, chamam-se “Canastra” e “Latuya” – e fazendo shows. É, parece que o baterista conseguiu se dar bem pós separação. A agenda dele parece cheia. Na verdade, a primeira citada tem tocado mais, já que tinha um tempo de estrada, e o Barba só entrou para ocupar o lugar vago de baterista. Para aqueles que se interessam, existe “myspace” das duas bandas, também. Eu, particularmente, gosto muito do Rodrigo Barba... Mas, eu gosto mais pelo fato de ter partido dele, junto ao nosso querido Marcelo Camelo, a idéia de construir a banda que sou fã – e, coinscidência ou não, os dois fizeram faculdade na PUC-RIO.

Bruno Medina – até onde eu sei - negociava com produtoras um programa televisivo sobre composições virtuais. Confesso que copiei isso do site dos “Hermanos”, mas é que pouco sei sobre o tecladista da ex-banda. Parece que esse programa, que ele pretendia fazer, tinha o objetivo de criar parcerias musicais inusitadas e, ao mesmo tempo, discutir facilidades e dificuldades. Na realidade, Medina é o que menos tem aparecido. Por causa disso, resolvi dar uma olhada no blog dele, e li algumas coisas muito interessantes.

Rodrigo Amarante – um dos amores da minha vida (junto com Oliver James, Thiago Silva, Jack Johnson e Will Smith) –, como um ótimo compositor, fez algumas músicas depois que a banda teve seu recesso. Ah sim, para os leigos em relação aos “Los Hermanos”, algumas das canções da banda eram compostas pelo guitarrista. Também li que o Amarante é integrante da “Orquestra imperial” – parece que o som lembra um pouco o que os “Hermanos” tocavam. Mas, acho que o que mais se especula – sendo boato ou não – é que Amarante ia entrar em um estúdio com o guitarrista e o baterista dos “Strokes”. Parece que deixaram escapar que ele iria participar do próximo CD dos caras. De fato, quando os “Strokes” estavam em turnê pela América do Sul, ouviram o CD perfil da banda e gostaram bastante. Mas daí a dizer que o Rodrigo teria alguma parceria com eles? Bom, tenho minhas dúvidas.

Enfim... Em dez anos de carreira, devido a projetos pessoais dos integrantes, eles anunciaram o recesso por tempo indeterminado. Após esse anúncio, fizeram 3 emocionantes shows de despedida. E 1 ano se passou desde que isso ocorreu. Lendo essas notícias, a respeito de cada um, me deu um aperto no coração de pensar que podem não estar mais juntos novamente. Alguns dizem que será para sempre. Eu não, prefiro acreditar que ainda conseguirei acompanhar outros shows nos próximos anos. Devo confessar que, independente disso, ainda considero “Los Hermanos” a melhor banda. Suas letras sempre me inspiraram e continuarão me inspirando. O título, inclusive, é uma música deles, para os que não sabem. Aliás, eu poderia ter colocado outras partes de canções, que caberiam muito bem no contexto. Mas isso eu deixo para outro dia, antes que a nostalgia tome conta de mim e eu tenha um ataque aqui.


- Myspace do Marcelo Camelo:
http://colunas.g1.com.br/instanteposterior/
- Myspace da banda do Rodrigo Amarante:

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um desabafo

Talvez tudo que estará escrito não passe de bobagens para alguns que leiam... E olha que chegar ao ponto de conseguir escrever, já foi um grande avanço pra quem não conseguia falar. Acredito que, às vezes, colocar para fora faça bem. Bom, às vezes... Mas levaremos em consideração que me fará muito melhor. E aqui estou eu, sentada nessa cadeira, tentando explicar o misto de coisas que se passam na minha cabeça... E devo assumir que quando lembro do dia 2 de julho de 2008, volto a chorar.
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Falando em choro, acredito que nunca havia sentido tantos sentimentos diferenciados em um tempo tão curto... Antes mesmo de a bola rolar, as lágrimas que caíram, sem que eu pudesse evitar, foram as de emoção: um Maracanã lotado por 86 mil pessoas que não paravam de cantar “Fluminense eterno amor”, centenas de bandeiras que balançavam insistentemente e um céu iluminado por fogos de artifício – uma festa incomparável, sejamos sinceros. Depois, o choro, não contido, da tristeza por ver aquele sonho mais distante, em apenas 5 minutos de partida. Mas fui forte, e até o segundo tempo o choro era de alegria em ter a esperança de volta, nos pés de apenas um jogador. Depois de 120 minutos, aquelas lágrimas que caíram foram as de medo e angústia, de talvez não ter coragem de continuar ali... Mas já estava, e dali não poderia sair, rezei para qualquer coisa – confesso, não sei bem o que minha cabeça dizia naqueles poucos minutos sentada -, levantei e tentei buscar forças para cantar e para ficar de pé mais alguns instantes. No fim, aquelas mais temidas lágrimas, aquelas que eu não queria acreditar que pudessem cair: as de decepção, derrota e desespero. Esses 3 “d” fizeram minha noite terminar do modo contrário que eu desejava.

O mais difícil foi levantar a cabeça, seguir em frente e encarar o mundo fora do Maracanã. “Eu não consigo, pai”, falei desesperada. Até que veio um homem e disse “Menina, não fica assim. Não esquece que temos um campeonato inteiro pela frente. Isso não é o fim”, mas naquele momento parecia. Porém, acredito que aquelas palavras me fizeram levantar. E no meio daquele caminho interminável entre a arquibancada e a rua, ouve-se um grito “Cuidado!”, era briga e não tinha como fugir. Meu choro aumentou, me apoiei na parede, não aguentei e ali desabei. Com a ajuda dos braços do meu pai, e de alguns que nos acompanhavam, me acalmei e consegui, finalmente, sair. Mas, a imagem que mais me vem à cabeça é a daquele mar de torcedores, até então confiantes, em um silêncio coletivo. Lógico, não havia o que ser dito. E até agora não sei se há, pois a ficha ainda não caiu, e meu tempo parou no jogo. Acordar, ter que aceitar e calar-se diante de perguntas sem respostas...

Antes que qualquer um venha com piadinhas ou zoações, devo dizer que podem falar, mas nada irá me abalar mais do que já estou, ou estava. Exagero? Não pra mim... Sem querer copiar Renato em suas declarações, mas só chorei duas vezes da maneira que chorei ontem e anteontem: morte da minha avó e outra – que prefiro não revelar. Além do mais, acho que respeito é algo que todos devem ter. Brincadeiras têm limites.

Não irei comentar o jogo, atuações dos jogadores ou erros da arbitragem. O que desejo aqui é, realmente, desabafar. Ouvi coisas que me fizeram pensar que tenho um amor, por esse clube, maior do que eu mesma imaginava. E, como diz a música, “Mas a certeza é que eu nunca vou te abandonar. Eu canto Nense quando o tive vai bem, eu canto Nense quando o time vai mal”, e assim posso garantir que não foi esse jogo que diminuiu tamanho sentimento. O Fluminense chegou aonde chegou com garra, paixão e sabedoria. O Fluminense reverteu vantagens que pareciam impossiveis, sobre times considerados superiores. Em momento algum terei coragem de vaiar, culpar jogadores ou criticar o técnico.

Sabe, doeu a derrota porque a torcida não merecia, não da maneira como foi vencida. Ficar sete horas na fila do ingresso, gastar tudo que gastei pelo mesmo, estar presente em todos os jogos da Libertadores e sofrer em cada bola que não entrava... E com muitos outros torcedores foi semelhante. Obviamente, alguns rivais poderão dizer “Bem feito para o Renato Gaúcho”... Sou obrigada a concordar que muitas de suas palavras foram absurdas, mas o que ouvimos também nos ofendeu, de certa forma:

“O Fluminense não tem tradição”
“Fluminense? Não conheço”
“Só Flamengo e São Paulo são capazes de vencer o Boca Juniors”
“O Fluminense ganhou por sorte”
“O grupo do Fluminense era o mais fácil”
“O Fluminense não passa das Oitavas de final”

Acho que hoje todos são obrigados a concordar que o time sem tradição, com sorte, sem capacidade e do grupo mais fácil, não errou ao dizer: “Prazer, Fluminense”, pois não só passou das Oitavas de final, como chegou com dignidade a essa final. Assim como não me arrependo de ter passado 120 minutos gritando “Eu acredito” e de ter chorado tudo que já chorei pelo time. Obrigada, Fluminense, por ter me causado sentimentos de alegria e emoção, até então desconhecidos. LDU? Parabéns pelo título inédito. Quanto ao meu desabafo? É, me fez bem... E mesmo não conseguindo acreditar, já me conformei que devo levantar a cabeça e que a vida é feita de alegrias e tristezas, ganhos e perdas e, principalmente: as verdadeiras paixões são acompanhadas pelo sofrimento.
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Não há maneira mais correta de terminar o texto se não dizendo: “É voz que não se cala”, pois o “Abram-alas tricolor” jamais vai parar e, enquanto existirem o verde, o branco e o grená, ninguém será capaz de calar a nossa voz. E o orgulho? Esse sempre existirá.